NADA

Você já atingiu o fundo? Já conseguiu  voltar? Já conseguiu voltar sem nenhum efeito colateral? E se o nada se tornasse tudo o que você tem? Sim, parece um pesadelo, parece um sonho, parece tudo, mas na verdade é nada. Quem é normal nessa merda de mundo? Quem não tem problemas e traumas? São as pessoas que te salvam? As pessoas se importam? E se te dizer que existe algo mais fundo que o fundo do próprio poço, você acreditaria? Você acreditaria nessa mentira? Você acreditaria em mais uma merda que sai de minha mente? Sim, eu sou humano, tenho minhas falhas, tenho momentos, mas no momento sou nada e foda-se o que o nada é, afinal não seremos todos um nada no final? Sou uma pessoa boa? Me dizem isso bastante, mas eu nunca desejei ser o cara bonzinho, apenas fiz o que achei que devia fazer e fazer o correto, respeito os limites, mas o mundo não se importa com limites não é mesmo? Pra que merda serve ser o cara bonzinho? Não serve para NADA, isso não é um texto sobre revolta por me tornar um nada, por ter descarrilhado de meu caminho e não é um arrependimento de ser bonzinho, esse texto é sobre o NADA que aumenta a cada dia, nas  vidas das pessoas, o NADA que aumenta na sociedade, o nada presente na importância, do NADA presente em mim, sinto que existe o NADA, sendo o mais profundo nível abaixo do fundo do poço, me pego em momentos sentindo NADA, nem amor, nem alegria, nem tristeza, apenas NADA como se eu não estivesse aqui, não sinto nada em ser o cara bonzinho, penso que posso estar em depressão, em regressão, desejando alguma agressão, mas no fim não quero nada, não quero a vida do cara bonzinho sozinho, não quero nada do que ele viveu, nem dos traumas que cometeu, recebeu? Tanto tempo fazendo nada vem confundindo minha mente até não ser  nada, nenhum sentimento, nem arrependimento, nenhum tratamento. Queria poder dizer que foi tudo culpa do stress, queria entrar em colapso, queria enlouquecer normalmente, ficar sem razão, queria quebrar tudo, atear fogo em minhas coisas, fazer coisas, queria ter alguma coisa em que me agarrar, além de nada.